MANAUS (AM) – A nota baixa do Amazonas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) demonstra o “projeto político, para deixar a classe trabalhadora sempre nesse lugar de subjugados”, é o que afirma a professora Evany Nascimento.
O ensino médio na rede pública do Amazonas registrou 3,8 pontos, abaixo da meta do Ideb projetada para o estado no primeiro ciclo (2007-2021). Os dados foram divulgados nessa quarta-feira (14) pelo Ministério da Educação (MEC).
A meta para o Amazonas no ensino médio era de 4. Mas o Estado alcançou 5,7 pontos nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º), que representa um avanço de 0,3 pontos a mais do que a meta estabelecida para no primeiro ciclo do Ideb.
Evany argumenta que um dos principais problemas no ensino é a progressão continuada, que faz com que os professores sejam obrigados a aprovar estudantes que não estão em condições de serem aprovados e a falta de informações reais conforme as variadas realidades culturais e socioeconômicas.
“Precisaríamos de índices mais reais, que dialogassem com a realidade das escolas e das comunidades onde essas escolas estão inseridas. Aprovação compulsória não é o caminho. Corremos o risco de formar analfabetos funcionais e pessoas com pouca qualificação para quaisquer atividades que queiram desenvolver em sociedade. É muito grave”, disse.
A professora, que trabalha com arte-literatura, é doutora em Design pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio e mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas. Ela afirma que a educação deve ser pensada de forma diferente, articulando ações com outras secretarias para obter melhor desempenho educacional.
“O Estado precisa fazer uma ação conjunta com várias secretarias, não só a de educação. Mas ações com Secretarias de Cultura, Esporte, Assistência Social. Ampliar programas do Governo Federal, como o Programa Pé-de-Meia, de auxílio financeiro para os estudantes do Ensino Médio”, disse a professora.
Escolas militares
Divergindo de especialistas em educação, o governador Wilson Lima (UB) aposta na militarização das escolas como forma de melhorar os índices do Estado, mas os números revelam resultado inverso do que os políticos de ideologias direitistas afirmam sem comprovação.
Em fevereiro deste ano, o governador assinou o decreto que institui o Programa Estadual das Escolas Cívico-Militares (Pecim) na rede pública de ensino do Amazonas. A medida atendeu o pedido da deputada estadual Débora Menezes (PL).
Em julho de 2023, o governo federal anunciou o encerramento do programa. A decisão, em conjunto ao Ministério da Educação (MEC) e do Ministério da Defesa.
No ensino médio, o estado ficou em quarto colocado entre os estados com a pior nota do Ideb. Veja ranking:
- RN – 3,2
- RJ- 3,3
- RR, PB e AP – 3,6
- AM, BA, DF, MA e SE – 3,7
- SC, MS – 3,8
O que é o Ideb?
O Ideb é uma medida composta por resultados referentes à aprovação dos estudantes (fluxo escolar) e às médias de desempenho nas avaliações. É calculado a partir dos dados do Censo Escolar e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Varia de 0 a 10, de modo que quanto melhor o desempenho dos alunos e mais alto o número de aprovados, maior é o Ideb.
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