RIO DE JANEIRO (RJ) – A economista Maria da Conceição Tavares morreu neste sábado (8), aos 94 anos. A causa da morte não foi divulgada. Naturalizada brasileira em 1957, Maria da Conceição nasceu em Anadia, mas veio para o Brasil em 1954 durante a ditadura de Antônio Oliveira Salazar.
Por não conseguir a equivalência de diplomas que lhe permitiria dar aulas em universidade, em 1955 começou a trabalhar como estatística no Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC), atual Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Se formou em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em novembro de 1974, quando se preparava para embarcar do Galeão para uma reunião em Santiago, foi detida e ficou alguns dias sequestrada pelos órgãos da repressão da Ditadura Militar. Ela foi liberada por intervenção direta dos ministros Severo Gomes, da Indústria e Comércio, e Mário Henrique Simonsen, da Fazenda, junto ao Presidente Ernesto Geisel.
Nos anos 1980, Maria da Conceição Tavares era um dos principais nomes da assessoria econômica PMDB e lecionava no Instituto de Economia da Unicamp, onde ela ajudara a implantar os cursos de mestrado e doutorado do departamento.
A economista também foi deputada federal filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) por um mandato, entre 1995 e 1999, e escreveu diversos livros sobre desenvolvimento econômico. Trabalhou no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Veja frases icônicas da economista Maria da Conceição Tavares
“Primeiro estabilizar, depois crescer e depois distribuir é uma falácia. Não estabiliza, cresce aos solavancos e não distribui. Essa é a história da economia brasileira desde o pós-guerra”;
“De todos os direitos, [o livre pensar] é o que tem sido mais recorrentemente violado”;
“Só faz de conta que a política não interessa quem manda, meu bem. E Deus sabe que a política interessa muito. O problema é que ele disfarça o seu interesse político. Ele faz em câmaras secretas, ele faz, aí sim, em chás, em almoços. Imagina se os japoneses não estão interessados em política? Pra caralho”;
“Ninguém come PIB, come alimentos”.