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Esportes

Filho de oligarca do ‘menor estadual do Brasil’ é eleito presidente da CBF

Samir Xaud, filho do "dono" do futebol de Roraima, assume a CBF com denúncias na mala e única candidatura para presidência

Foto: Reprodução (Instagram)

BRASIL – Nesse domingo (25), enquanto todos os olhos se voltavam para o duelo de Flamengo e Palmeiras, se enfrentavam no Allianz Parque, disputando o principal clássico nacional em São Paulo. Samir Xaud foi eleito o novo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na sede da CBF, localizada na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O novo presidente era o único candidato e venceu com 103 dos 108 votos possíveis. O cartola, é filho do Presidente da Federação Roraimense de Futebol e assume um mandato até 2029.

Sua ascensão surpreendeu o cenário nacional, já que Roraima é um estado historicamente com o “menor estadual do Brasil” distante da elite do futebol brasileiro. No entanto, sua trajetória revela não só as peculiaridades do esporte no estado mais ao Norte do País, mas também uma estrutura familiar que domina o futebol local há décadas.

Roraima possui o que é chamado de “menor estadual do Brasil”: um campeonato com apenas oito a dez clubes, todos jogando no mesmo estádio, o Canarinho, em Boa Vista. Sem divisões inferiores, o torneio depende da capacidade financeira dos times — em 2016, apenas quatro equipes participaram. A falta de infraestrutura é evidente: apenas dois clubes (São Raimundo e Monte Roraima) têm centros de treinamento próprios; os outros treinam em campos públicos ou em estádios menores.

O pai oligarca do futebol roraimense

Samir Xaud não chegou ao poder por acaso. Ele é filho de Zeca Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol há 42 anos, e herdou não apenas a influência política do pai, mas também uma rede de relações que inclui patrocínios controversos.

Em matéria do Jornal Extra, A deputada federal Helena Lima (MDB-RR) e amiga da Família Xaud, teve seu nome estampado nos uniformes do GAS e do Atlético Roraima — com a estampa “Helena Deputada Federal” na parte da frente da camisa, o espaço mais nobre e de maior visibilidade dos uniformes.

Jogador do Atlético Roraima (esquerda) veste a camisa do clube com a propaganda da deputada Helena Lima — Foto: Hélio Garcias/BV Esportes
Jogador do Atlético Roraima (esquerda) veste a camisa do clube com a propaganda da deputada Helena Lima — Foto: Hélio Garcias/BV Esportes

Procurada pelo EXTRA, Helena Lima afirmou que o acordo de patrocínio se limita à exposição das marcas das empresas. Já a exibição de seu nome “deve-se ao fato de ela ser considerada madrinha das equipes, um título simbólico e de reconhecimento”. Mas, nas redes sociais, tanto o GAS quanto o Atlético se referem a ela como patrocinadora. A deputada acrescentou que “não há indícios de uso desproporcional de recursos, tampouco se trata de captação indevida de votos”

Além disso, Xaud enfrenta denúncias de improbidade administrativa por supostas irregularidades em sua gestão no Hospital Geral de Roraima, além de polêmicas, envolvendo um terreno em área de proteção ambiental. Apesar disso, ele conseguiu o apoio de 25 das 27 federações estaduais para assumir a CBF, demonstrando sua habilidade política.

A eleição de Xaud representa uma mudança no comando da entidade, mas não parece mudar a trajetória da CBF, que tém cinco ex-presidentes presos ou afastados, nomes como Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo del Nero, Rogério Caboclo e, agora, Ednaldo Rodrigues.

A trajetória está ligada a um modelo de gestão familiar e a um estado onde o futebol ainda luta por reconhecimento. Enquanto Roraima tenta superar suas limitações estruturais, a nomeação de Xaud pode ser vista como uma oportunidade para o futebol local ganhar mais espaço — ou apenas como mais um capítulo na história de oligarquias que dominam o esporte no Brasil.

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