Manaus

Gato com doença contagiosa é resgatado de empresa de segurança em Manaus

MANAUS (AM) – Funcionários de uma empresa de segurança no Bairro Adrianópolis, na Zona Centro-Sul, ficaram assustados com um gato que apareceu nas dependências do local apresentando ferimento grave no rosto. Os trabalhadores acreditavam que o felino tinha sofrido um acidente, mas logo depois suspeitaram ser esporotricose, doença provocada por um fungo que pode ser transmitida para humanos.

Após isolarem o animal, um dos funcionários ligou para o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) pelo 0800 280 8 280. Sem retorno, fizeram apelo ao protetor Amauri Gomes que foi até o estabelecimento resgatar o gato que estava em uma situação de sofrimento intenso, com um lado do olho totalmente comprometido pela lesão.

O felino foi levado para a Clínica SOS PET, na Zona Leste, que atende gratuitamente animais de rua em condições vulneráveis, para confirmar a doença por meio de exames laboratoriais e iniciar o tratamento com antifúngicos prescritos por médicos veterinários. Embora grave, as chances de cura são altas e logo o felino estará disponível para adoção.

Nos últimos 30 dias, Amauri que atua no resgate de animais há mais de dez anos, afirma preocupado, que já socorreu mais de 20 gatos com lesões graves provocadas pelo fungo da esporotricose em praticamente todas as zonas da capital. “A doença está fora de controle em Manaus, isso é certo. Pelo que vejo todo dia nas ruas, temos cerca de 10 a 20 mil animais, a maioria gatos, infectados pelo fungo” alerta Amauri.

Ele tem usado luvas especiais de couro grosso para pegar no animal sem risco de se contaminar, uma vez que a doença pode infectar humanos por meio do contato direto com as lesões, arranhadura e mordedura do animal doente.

Surto de esporotricose

Manaus e o interior do Amazonas vem sofrendo com a doença há dois anos e os casos em animais e humanos são altos. Conforme a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), em 2022, foram confirmados 251 casos da doença em pessoas. Em 2023, o número aumentou para 644 registros, uma alta de 114%.

Nos primeiros quatro meses deste ano, o Estado teve 336 casos de esporotricose humana, sendo 331 em Manaus.

Em animais, de janeiro a abril, 319 casos foram confirmados. Desse total, 122 não resistiram. A maioria é gatos (96,2%), seguidos de cães (3,8%).

Gatos são vítimas, não vilões

O fungo causador da esporotricose é geralmente encontrado no solo, palhas, vegetais e também madeiras, podendo ser transmitido por meio de materiais contaminados, como farpas ou espinhos. Por isso, é importante reforçar sempre que os gatos não são culpados, e sim vítimas; as pessoas não devem matá-los ou fazer mal a eles. Aliás, isso seria considerado crime de maus-tratos com pena que pode chegar a 5 anos de prisão.

Amauri Gomes cobra medidas do poder público para controle da doença que ainda não tem vacina. “Uma das ações que esperávamos da Prefeitura, no mínimo, era um mutirão de castração de felinos em massa para frear a população de gatos nas ruas e consequentemente a transmissão. Existem técnicas que permitem o procedimento em larga escala sem necessidade de internação. Os casos dispararam e nada é feito. O que vai ser preciso acontecer para a poder público se mexer?”, questionou o protetor.

Prevenção e sintomas

Donos de animais de estimação devem controlar o acesso à rua dos bichos para evitar a infecção. Nos passeios, o ideal é não deixar que ele entre em contato com materiais orgânicos em decomposição ou com outros animais que podem estar infectados.

Animais infectados podem apresentar feridas na região do rosto e patas, que podem se espalhar pelo restante do corpo. Também pode haver perda de apetite, emagrecimento, espirros e secreção nasal. Em caso de suspeitas, não faça curativo na lesão e leve o animal imediatamente ao um médico veterinário.

Humanos devem sempre usar luvas e roupas de mangas longas para manusear animais doentes. Os sintomas da esporotricose em humanos podem surgir com uma lesão parecida a uma picada de inseto com cura espontânea. Em casos mais graves, por exemplo, quando o fungo afeta os pulmões, podem surgir tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre. No menor sinal de alerta, a orientação é procurar uma Unidade Básica de Saúde mais próxima.

Pedido de resgate

O CCZ é órgão responsável para resgatar e tratar dos animais doentes. Mas com a falha latente na operação, Amauri diz que tem buscado socorrer, com recursos próprios, o maior número de animais de rua acometidos pela doença. Para isso, ele conta com a ajuda da população e disponibiliza um WhatsApp para encontrar esses animais. A pessoa deve enviar o localizador, com vídeos e fotos do animal, para o número 92 98176-4497.

(*) Com informações da assessoria

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