MANAUS (AM) — Em um inquérito policial encerrado recentemente, a Polícia Civil do Amazonas indiciou Cleusimar Cardoso, mãe de Djidja Cardoso, pelo crime de tortura que resultou na morte da filha. Além de Cleusimar, outras dez pessoas foram indiciadas por diversos crimes relacionados ao caso. Djidja, ex-sinhazinha do Boi Garantido, foi encontrada morta no dia 28 de maio na casa onde morava com a família.
As informações foram divulgadas na quinta-feira (20) pelo delegado Cícero Túlio, do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), responsável pelas investigações. Durante uma coletiva de imprensa, o delegado detalhou os crimes praticados pela família de Djidja.
“A Cleusimar ela passaria a cometer abusos na forma de tortura em relação a Djidja no momento em que eles percebem que a Djidja estaria em uma situação de quase morte, já estava ali em estágio terminal. E a partir de análise de conteúdos residentes nesses aparelhos telefônicos conseguimos então a confirmação e constatação que, efetivamente, existia o crime de tortura praticado pela Cleusimar em relação à Djidja. Em razão a isso, a gente indiciou ela por tortura e resultado morte”, afirmou o delegado.
Planejamento
Conforme a Polícia Civil, a família de Djidja planejava abrir uma clínica veterinária para facilitar a aquisição de ketamina, um tranquilizante de cavalos que causa alucinações em humanos. Um terreno foi comprado para criar uma comunidade onde outras pessoas poderiam usar a substância, sob a égide da seita religiosa “Pai, Mãe, Vida”.
A investigação também apontou que o grupo familiar estudou elementos químicos e testou essas substâncias nos funcionários da rede de salões de beleza pertencente à família. Djidja, inclusive, induziu os funcionários a usarem a ketamina. Quando o grupo encontrou dificuldades para obter a substância, o ex-namorado de Djidja, Bruno Roberto, apresentou o personal trainer Hatus Silveira, que indicou uma clínica que fornecia Potenay, um medicamento utilizado em bovinos com sistema imunológico debilitado.
Morte de Djidja
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) concluiu que a morte de Djidja foi causada por edema cerebral, com a principal hipótese sendo uma overdose de ketamina. A ex-sinhazinha do Boi Garantido foi encontrada morta no dia 28 de maio na casa onde morava com a família, no bairro Cidade Nova, zona Norte de Manaus.
Crimes e Indiciamentos
O grupo criminoso foi indiciado por diversos crimes, incluindo tráfico de drogas, associação para o tráfico, perigo para a vida ou saúde de outrem, falsificação, adulteração ou corrupção de produtos destinados a fins terapêuticos, ou medicinais.
Outros crimes incluem aborto provocado sem consentimento da vítima, estupro de vulnerável, charlatanismo, curandeirismo, sequestro e cárcere privado, constrangimento ilegal, favorecimento pessoal, favorecimento real, exercício ilegal da medicina e tortura com resultado morte.
Além de Cleusimar Cardoso Rodrigues, mãe de Djidja Cardoso, foram indiciados: Ademar Farias Cardoso Neto, irmão de Djidja Cardoso; Marlisson Vasconcelos Dantas, cabeleireiro e maquiador; Claudiele Santos da Silva, maquiadora; Verônica da Costa Seixas, gerente do salão de beleza; Bruno Roberto Lima, ex-namorado de Djidja; Hatus Silveira, personal trainer.
Também foram indiciados José Máximo Silva de Oliveira, dono da clínica veterinária MaxVet, Savio Pereira, funcionário da clínica; Emicley Araújo, funcionário da clínica; Roberleno Ferreira de Souza, dono da clínica veterinária Casa do Criador.
LEIA TAMBÉM