MANAUS (AM) – Seis policiais suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas foram presos na manhã desta sexta-feira (14) na capital do Amazonas. Os mandados de prisão foram expedidos após investigação do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM). Dois suspeitos continuam foragidos, conforme informações do MPAM. O conduzido ao Centro de Detenção da Polícia Militar após serem ouvidos em oitivas.
As prisões são resultados do cumprimento de oito mandados de prisão preventiva e oito de busca e apreensão, relativos à prática do crime de tráfico de drogas, com base em um procedimento investigatório-criminal da Proceap. Dos cinco PMs presos, um se entregou na sede do MPAM, minutos antes da coletiva de imprensa, na manhã desta sexta-feira. Outros três policiais militares estão foragidos. Os nomes deles e fotos serão encaminhados à Interpol.
As investigações foram conduzida pela 60ª Promotoria Especializada no Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público do Estado do Amazonas (Proceap/MPAM), em conjunto com as polícias Civil e Militar, via Departamento de Justiça e Disciplina (DJD).
A investigação iniciou após a polícia receber informações pelo telefone 181, de que quatro policiais do Batalhão de Trânsito e quatro policiais militares da 2ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom) estavam utilizando viaturas para transportar uma grande quantidade de drogas.
Os policiais foram filmados no dia 17 de maio deste ano carregando sacos onde estariam as drogas em um bairro da zona Sul. Parte do material foi colocado em uma viatura e levado para a 2ª Cicom, como se tivesse sido apreendido. Os policiais teriam dito que a droga havia sido encontrada abandonada na rua Ana Nogueira, no Educandos.
Porém, no mesmo dia, a Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam) recebeu uma denúncia de que policiais militares estavam retirando um carregamento de drogas, distribuído em 16 sacos, de uma casa do bairro. Uma equipe da Rocam foi enviada ao local, mas não encontrou entorpecentes, apenas uma prensa hidráulica e caixas de armas vazias, indicando atividades criminosas no local.
O promotor de Justiça Armando Gurgel Maia afirmou, com base no material reunido, que os policiais se dirigiriam até o local e começaram a abastecer uma viatura da Polícia Militar, que estava a serviço do Instituto de Ensino de Segurança Pública.
“Foram colocados 16 sacos brancos de fibra, com capacidade para 50 quilos, dentro desse veículo oficial e um outro saco foi colocado em uma viatura da 2º Cicom, juntamente com uma mochila vermelha. Posteriormente, apuramos que houve um registro dos policiais na 2ª Cicom de que estavam fazendo patrulhamento ostensivo naquele lugar e encontraram quatro indivíduos — um deles portando esse saco de fibra desse mesmo tipo — e eles, ao verem a viatura, empreenderam fuga”, disse.
As investigações da Rocam revelaram que a suposta apreensão feita pelos PMs era uma ocorrência falsa e que eles estavam diretamente envolvidos com o tráfico de drogas, e que o entorpecente apresentado na delegacia era apenas uma parte do carregamento, e o restante havia sido desviado.
Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidas pistolas e munições, que serão periciadas. Se forem da corporação, serão devolvidas à PM, caso contrário permanecerão sob custódia.
“Essas pessoas estavam praticando crimes se utilizando do aparato policial, enquanto deveriam estar prendendo os traficantes. Eles estavam apreendendo esse material. Foi um ato que foi pego e é possível que tenham praticado outras vezes esse tipo de situação. Existem policiais aí que já têm outras situações parecidas em andamento na Justiça e, até recentemente, sofreram ações no mesmo sentido”, disse o promotor Armando Gurgel.
Conforme o coronel Nilo Corrêa, diretor do Departamento de Justiça e Disciplina (DJD) da Polícia Militar do Estado do Amazonas (PMAM), será investigada a responsabilidade administrativa desses policiais, em relação à questão disciplinar. “Sendo comprovados estes crimes, isso pode culminar com a exclusão dos quadros da PMAM”, explicou o coronel.
Em nota, a Polícia Militar do Amazonas (PMAM) informou que instaurou um processo administrativo para apurar a conduta dos policiais, que também responderão criminalmente por seus atos.
“No âmbito militar, a corporação instaurou processo administrativo para apurar a conduta dos PMs, que também vão responder criminalmente pelos seus atos, conforme procedimentos da polícia judiciária e do Ministério Público. A corporação ressalta seu compromisso com a sociedade e transparência em suas ações e que não compactua com quaisquer desvios de caráter e ilícitos cometidos por seus agentes”, diz a nota.