Mundo

‘A Terra não está à venda’: Cimi denuncia retrocessos na COP30

MANAUS (AM) – No dia que a COP30 começou oficialmente, nesta segunda-feira (10), em Belém (PA), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) publicou um documento político com críticas diretas ao modelo econômico brasileiro, às políticas ambientais em retrocesso e ao avanço da financeirização da natureza. Intitulado “A Terra não está à venda”, o texto faz um chamado por “rupturas sistêmicas diante do colapso climático” e coloca a demarcação dos territórios indígenas como ponto central para qualquer solução ambiental real.

Segundo o Cimi, o colapso climático é resultado direto de um “modelo econômico que nasceu da invasão colonial e da exploração violenta da terra, dos corpos e da natureza”. O documento afirma que as políticas ambientais atuais não enfrentam a raiz do problema: “o capitalismo predatório que transforma tudo em mercadoria, inclusive a vida”.

O manifesto também critica o papel da COP desde sua criação, afirmando que as conferências “não conseguiram assegurar compromissos eficazes porque os Estados se recusam a enfrentar as causas estruturais da crise”.

Transição energética sob disputa

O Cimi também aponta que a transição energética defendida por governos e corporações não representa uma alternativa justa, mas “uma nova corrida por minérios e territórios no Sul Global”. Para o Conselho, isso aprofunda a pressão sobre terras indígenas e comunidades tradicionais.

“Não é uma transição para os povos, mas uma transação. Sai o petróleo, entra o lítio. Sai a perfuração, entra a mineração intensiva. Mas o impacto é o mesmo: os povos seguem pagando a conta”, afirma o texto.

Demarcação como resposta climática

O documento destaca que o Brasil chega à COP30 no “maior retrocesso na política indigenista desde 1988”, citando a Lei 14.701 do Marco Temporal, que “inviabiliza demarcações e abre territórios à exploração econômica privada”.

Para o Cimi, demarcar terras indígenas é a medida climática mais urgente:

“Não existem duas crises, uma ambiental e outra social. Há uma única crise socioambiental. E sua solução começa com a garantia dos territórios indígenas.”

Chamado à mobilização

O texto afirma que as respostas não virão do Estado:

“A mudança não virá dos palácios nem dos acordos corporativos. Ela virá das ruas, das aldeias, das comunidades e dos territórios que resistem.”

E finaliza com uma convocação:

“A Terra é Mãe. A ela pertencemos, e não está à venda.”

LEIA TAMBÉM

Aldizangela Brito

Recent Posts

Comitê denuncia omissão de David Reis no caso Rosivaldo Bual

MANAUS (AM) - O Comitê Amazonas de Combate à Corrupção (CACC) encaminhou, nesta segunda-feira (10), uma…

16 horas ago

Sete Terras Indígenas no Amazonas esperam homologação há décadas

MANAUS (AM) - Um levantamento inédito realizado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab)…

17 horas ago

Gabarito oficial do Enem sai na quinta-feira, diz ministro

BRASÍLIA (DF) - Um dia após as provas da primeira etapa do Exame Nacional do…

20 horas ago

Amazonense brilha no RJ e conquista Campeonato Brasileiro de Muay Thai

MANAUS - Em sua primeira luta oficial na carreira, a amazonense Fernanda Almeida Morais de Oliveira,…

2 dias ago

Na ONU, Lula denuncia ‘genocídio em Gaza’ e diz que democracia brasileira é inegociável

NOVA IORQUE (EUA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta terça-feira (23), um…

2 meses ago

Agricultores do AM recebem R$ 1 milhão para fortalecimento da agricultura familiar

MANAUS (AM) - O Governo Federal liberou nesta semana mais de R$ 1 milhão em Créditos…

2 meses ago

This website uses cookies.