Amazonas

Indígenas repudiam reportagem do portal R7 sobre pornografia no Vale do Javari

MANAUS (AM) – A Rede de Estudantes Indígenas do Vale do Javari (Reivaj) repudiou informações divulgadas por sites de notícias, alegando que o acesso à internet estaria causando “vícios em pornografia” e “jogos violentos” entre jovens indígenas da região. Segundo a Reivaj, as informações são “infundadas”, “desrespeitosas” e “discriminatórias”.

“Elas perpetuam estereótipos negativos sobre os povos indígenas e ignoram a complexidade das questões que envolvem a introdução de novas tecnologias em suas comunidade”, diz nota de repúdio divulgada pela Rede.

Nota de repúdio foi publicada nas redes sociais (Reprodução)
Nota de repúdio foi publicada nas redes sociais (Reprodução)

Ainda segundo a nota, o acesso à internet proporciona o fortalecimento da educação, a melhoria nos serviços de saúde, a promoção da cultura indígena e a comunicação entre aldeias distantes. Para a entidade, as declarações demonstram a postura “paternalista e preconceituosa” que desconsideram a autonomia dos jovens indígenas do Vale do Javari e a capacidade dos indígenas em relação ao uso de tecnologias.

“Condenamos qualquer tentativa de desviar o foco das verdadeiras questões que afetam os povos do Vale do Javari, como a falta de políticas públicas eficazes, a invasão de territórios por atividades ilegais e a precariedade dos serviços básicos de saúde e educação. Estas são as questões que devem ser tratadas com urgência e seriedade pelas autoridades competentes, bem como veículos de informações cuja responsabilidade será atribuída”, afirma a Reivaj.

Por fim, a Rede de Estudantes exige que as declarações discriminatórias sejam retratadas e que se promova um debate respeitoso e informado sobre o uso da internet nas comunidades indígenas.

Publicação discriminatória

A notícia que “Tribo indígena brasileira que recebeu Starlink se vicia em pornô e deixa de caçar” foi publicada no site RDmais e repostada por diversos portais. Na matéria, o indígena Enoque Marubo diz que a chegada da internet alterou cotidiano drasticamente, fazendo que as pessoas não queiram mais trabalhar.

Outra indígena, identificada como TamaSay Marubo, disse que as coisas pioraram, pois os jovens teriam ficado “preguiçosos”. “Estão aprendendo os costumes dos brancos”.

Portal R7 compartilhou conteúdo de outro site (Reprodução)

Até a publicação desta matéria, a reprodução feita pelo R7 no Instagram já havia alcançado 41.916 pessoas.

Leia mais: Povos indígenas repudiam Comissão composta por bolsonaristas para investigar crise humanitária

 

 

Redação - Jirau News

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